Após a realização de uma Assembleia na quinta-feira (14), os rodoviários de São Luís anunciaram que vão entrar em greve daqui sete dias, por não concordarem com a proposta feita pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiro (SET). Na outra ponta, os empresários argumentam que só seria possível atender todas as reivindicações se a passagem do transporte da capital maranhense chegasse ao valor de R$4,80, representando um aumento de 29%.
Os Rodoviários reivindicam 13% de reajuste salarial; jornada de trabalho de seis horas, ticket alimentação no valor de R$ 800,00; manutenção do plano de saúde e a inclusão de um dependente e a concessão do auxílio creche, para trabalhadores com filhos pequenos.
Paulo Pires, diretor-executivo do SET, afirmou que estas reivindicações estão fora da realidade do que os empresários podem pagar no momento, uma vez que não há subsídio por parte da Prefeitura de São Luís e a ajuda do Governo Federal terminou em setembro.
Atualmente, cerca de 3800 trabalhadores atuam como motoristas e cobradores no sistema de transporte público de São Luís. Os condutores de ônibus recebem R$1965 e os responsáveis por receber o dinheiro ganham R$1136. Ambos, trabalham 7h20min por dia e ainda possuem direito a ticket alimentação de R$584 e plano de saúde Hapvida, mas sem dependente.
O diretor do SET explica que é inviável atender todas essas reivindicações com passagens tão defasadas e lembra que Balsas e Imperatriz que possuem contrato de licitações vigentes, atualmente cobram R$4,40 e R$4,50, respectivamente.
Hoje o SET trabalha com uma proposta de reajuste baseado na inflação. O acumulado de 2021, projeta um índice inflacionário de 8,5%, ou seja, seria essa margem de aumento que pode ser oferecida.
O SET já ingressou na Justiça do Trabalho para evitar a falta de ônibus na próxima quinta-feira (21), os empresários querem manter uma frota de 80% a 90% trabalhando, uma das argumentações é que ainda vivemos um período de pandemia, ou seja, o intuito de garantir um bom número de ônibus rodando é também será evitar aglomerações.
Atualmente São Luís possui 780 ônibus em operação, quase cinco vezes mais coletivos que Teresina, que vive uma verdadeira crise no setor.
Paulo Pires exemplifica que em muitas cidades do país como Salvador e outras do resto do mundo como Buenos Aires, existe um grande subsídio por parte do poder público para garantir a sobrevivência do sistema de transporte público.
“Em Salvador, a passagem custa R$4,40 e lá eles ainda tem R$40 milhões de subsídio da Prefeitura”, afirma Paulo Pires.
Em São Luís, o valor de R$3,70 praticado no sistema de transporte público ainda é desde 2019, e de lá para cá, o preço do Diesel subiu muito, trazendo um grande déficit aos empresários.
Diminuir custos
Paulo Pires também argumenta que é necessário reduzir custos no sistema de transporte público, uma vez que existem gargalos que trazem desperdício. Por exemplo, algumas linhas não têm mais sentido manter a função de cobrador, uma vez que boa parte dos usuários usam o cartão de transporte e apenas 30% em média, ainda pagam no dinheiro.
O diretor-executivo do SET defende uma modernização do sistema como um todo. Lembrando que quanto menos tempo se perde em paradas de ônibus, mais qualidade de vida a população vai ter, uma vez que reduz o tempo das viagens que hoje em média é de 1h20 minutos para chegar ao Centro, partindo de bairros como Cohab/Cohatrac.